Em romance, itabunense narra assassinatos em série no Sul da Bahia
A tradição do romance policial no Brasil não é totalmente interiorizada na cena romanesca e de prosa em geral. No entanto, ela chega a Itabuna através do romance O Maníaco das Onze e meia de Gabriel Nascimento, recém-publicado pela Editora Multifoco.
Baiano de Itabuna, Gabriel Nascimento é ilheense de criação, sul-baiano formado na UESC, com mestrado na Universidade de Brasília e doutorado em andamento na Universidade de São Paulo. Apaixonado por Literatura que sempre foi, sentava nas cadeiras da frente da UESC e adorava recitar versos. Mal sabíamos que sua primeira obra seria um romance.
O Maníaco das onze e meia é um romance de 20 capítulos que se passa em Itabuna. Nele, um perigoso assassino encapuzado mata, de maneira fria e fatal, pessoas de classe média e ligadas ao poder na cidade. O primeiro deles é Kiko Andrada, um famoso empresário local, deputado estadual e conhecido financiador de campanhas de vereadores, motivo pelo qual sua morte choca a cena política. Os demais são filhos de fazendeiros, professores universitários e gente ligada a eles. A cena política conturbada tem ainda a atuação do vereador Jurinho, casado com uma ex-camelô da Avenida Cinquentenário. Jurinho tem mais do que vida dupla, tem vidas duplas. Por último, e não mero detalhe, a própria polícia é questionada no romance através da atuação de Rafael, novo comandante da polícia no Sul do Estado. A incrível atuação, em crise, dele só não é mais surpreendida por sua paixão por Mara, preta baiana, moradora do Maria Pinheiro, jovem que não tinha uma das pernas.
Por último, O Maníaco das onze e meia traz Itabuna para ser cena de uma grande ironia: um assassino em série, fortemente colonizado pelos filmes americanos, com grande ódio e vontade de vingança. A sede de vingança, a imitação barata dos assassinos de filme e o cenário da cidade passam a se avizinhar na narrativa de modo a compreender a trama. Por outro lado, a crítica ao racismo e ao machismo também se fazem presentes nessa obra de Gabriel Nascimento, na qual as personagens são usadas pelo narrador para questionar a realidade baiana, sul-baiana, mas também brasileira.
Colaboração: Thaíse Santana, representante da União de Negros pela Igualdade (UNEGRO) em Itabuna.