PLANTÃO ITABUNA – A morte de uma criança de nove meses no Hospital Manoel Novaes provocou uma discussão sobre a saúde pediátrica de Itabuna: De quem é a responsabilidade pela morte de bebês?
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O Secretário de Saúde de Itajuípe, Renato Ramos, revelou ao Plantão Itabuna que existe um pacto e o município recebe verba para atender os pacientes de outras cidades, porém, isso não está acontecendo. O motivo foi o rompimento do contrato entre a Prefeitura de Itabuna e Hospital Pediátrico, demanda essa realocada para Maternidade Ester Gomes.
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Contudo, a Maternidade que avocou a demanda não atende, como aconteceu com a criança de nove meses oriunda de Pau Brasil, na madrugada desta segunda-feira, 25, por uma série de erros, desde do transporte ao recebimento, uma vida foi perdida diante do impasse entre as unidades hospitalares e prefeitura de Itabuna.
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Diante do rompimento contratual, sem condições financeiras para atender “porta aberta”, 35 funcionários foram demitidos, segundo a diretora do Novaes, Dra. Fabiane Chávez. “Com a falta do recurso eu desarrumei a equipe, eu dispensei um médico obstétrico, que eu tinha dois na emergência, eu dispensei um médico pediátrico, que eu tinha dois, para atender as decorrências e os regulados, quando um paciente é regulado chega com toda documentação pronta, mas essa criança chegou sem a regulação e o porteiro é orientado de solicitar tais documentos, mesmo sem regulação a criança foi atendida, todas as manobras de reanimação foram feitas, mas não tivemos sucesso”, explica.
Sec. de saúde de Pau Brasil, Adenilson Soares |
Conforme Adenilson Soares de Sena, Secretário de Saúde de Pau Brasil, a criança chegou antes da meia-noite para atendimento na unidade de saúde daquela cidade, com sinais de febre e vômito. Ele foi medicado com um dramin e a família orientada ir para casa, por volta de 1 hora, o menino piorou, a família entrou em desespero e retornou, no segundo atendimento, o caso já estava agravado, diz o secretário. Daí em diante, o procedimento foi solicitar do estado a regulação do paciente para ser atendido em Itabuna, autorização burocrática e demorada. “A gente não ia ficar esperando surgir essa vaga, quando tem vaga o estado encaminha, só que o estado da criança era grave e nós temos que encaminhar para quem é referência, Itabuna”, revela.
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Ainda na entrevista, Soares informa que, o motivo pelo qual o motorista da ambulância se deslocou primeiro para a Maternidade Ester Gomes foi desespero, achando que o caminho mais curto resolveria, chegando lá, a Maternidade não atendeu e passou a “bola” para o Manoel Novaes. “A criança chegou ao Novaes por volta das 05:00, o porteiro não permitiu a entrada, após a intervenção de um advogado (Davi Pedreira) a criança foi atendida, mas infelizmente aconteceu o óbito”, diz.
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A Direção da Unidade Hospitalar explicou ainda que: “A criança foi autorizada a entrar, recebendo o primeiro atendimento às 5h35min. Segundo registro médico, o paciente foi recebido com oxigênio inalatório inadequado, com acesso venoso obstruído, em gasping (respiração ofegante), sendo tentado reanimação imediata pela equipe, entubação traqueal e ventilação, massagem cardíaca, tentativas sem êxito, constatando óbito 5h58min.”
Por fim, a direção do Hospital afirma que as condições do veículo que transportou a criança de Pau Brasil para Itabuna, estavam em desacordo com o regulamento vigente do Conselho Federal de Medicina (CFM).
Criminal
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Segundo o advogado Davi Pedreira, alguém precisa ser responsabilizado pela morte da criança, omissão de socorro é crime. “Não pode passar como um fato corriqueiro, foi a vida de uma pessoa, não quero apontar quem errou, mas o fato é que essa criança chegou na porta de dois hospital e morreu”, diz.