Em visita ao Rio, para particiar de um Seminário, o sociólogo espanhol Manuel Castells afirmou que o Brasil vive uma nova modalidade de ditadura. Ele disse que a disseminação de informações falsas “conduz país ao totalitarismo e educação é única via para reverter o quadro.”
A reportagem do jornal O Globo destaca que Castells é um dos princiais teóricos da comunicação no mundo e sublinha sua visão de Brasil: “ele [Castells] afirmou que o país só conseguirá evitar um futuro totalitário caso as escolas desempenhem bem seu papel . Nesse sentido, criticou o projeto do governo Bolsonaro de criar escolas militares , com foco na disciplina.
Castells diz ainda que os cidadãos que ‘querem estabelecer a verdade’ precisam retomar o protagonismo nas redes.”
A jornalista Paulo Ferreira perguntou ao sociólogo: “Hoje, no Brasil, há pessoas que dizem que o nazismo era de esquerda, que as vacinas são ruins e que a terra é plana. Como isso é possível na era da informação?”
Castells respondeu: “primeiro, as pessoas não funcionam racionalmente e sim a partir de emoções. As pesquisas mostram cientificamente que a matriz do comportamento é emocional e, depois, utilizamos nossa capacidade racional para racionalizar o que queremos. As pessoas não leem os jornais ou veem o noticiário para se informar, mas para se confirmar. Leem ou assistem o que sabem que vão concordar. Não vão ler algo de outra orientação cultural, ideológica ou política. A segunda razão para esse comportamento é que vivemos em uma sociedade de informação desinformada. Temos mais informação do que nunca, mas a capacidade de processá-la e entendê-la depende da educação e ela, em geral, mas particularmente no Brasil, está em muito mau estado. E vai ficar pior, porque o próprio presidente acha que a educação não serve e vai cortar os investimentos na área. Por um lado, temos mundos de redes de informação, de meios que invadem o conjunto de nosso pensamento coletivo, e ao mesmo tempo pouca capacidade de educação das pessoas para entender, processar, decidir e deliberar. Isso é o que chamo de uma era da informação desinformada.”