por Andreyver Lima – Em meio a discussões e eventos que marcam a luta contra o racismo, o mês de maio assume um papel relevante para aprofundar as reflexões sobre essa temática. Embora o 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, seja conhecido por destacar a luta negra, é no dia 13, data da suposta abolição da escravatura, que as discussões ganham mais intensidade e urgência.
Em maio de 2023, fatos racistas eclodiram diante dos nossos olhos, expondo-nos à necessidade de enfrentá-los com determinação. Nesta data, em 1888, a narrativa eurocêntrica ensinou que a abolição da escravatura ocorreu graças à benevolência da Princesa Isabel. No entanto, é importante reconhecer que a abolição não foi um gesto gracioso da monarquia, mas sim o resultado de décadas de lutas e mobilizações dos próprios negros escravizados, seus descendentes e setores da sociedade brasileira que se opunham à escravidão.
O processo de abolição no Brasil foi marcado por conflitos e tensões, longe de ser um evento isolado e pacífico. Além disso, a falta de medidas efetivas para integrar os ex-escravizados à sociedade gerou profundas desigualdades e exclusão social para a população negra, perpetuando as marcas de um passado de opressão.
Não se trata apenas de uma questão nacional, mas de um problema global. O episódio recente envolvendo o jogador Vini Júnior, vítima de racismo durante uma partida da LA LIGA, é apenas um exemplo dentre os inúmeros casos que ocorrem cotidianamente ao redor do mundo.
No âmbito político, um episódio lamentável ocorreu quando o senador Magno Malta (PL), praticamente defendeu o “direito de ser racista”, ao convocar organizações não governamentais de proteção animal a acolherem “o macaco”. Essas declarações demonstram a necessidade de combater discursos de ódio e promover a conscientização sobre a importância da igualdade.
Em contraste com esses momentos de retrocesso, há exemplos inspiradores de resistência e celebração da cultura negra. Em Itabuna, cidade localizada no sul da Bahia, um monumento em homenagem a Zumbi dos Palmares, líder da resistência negra e um dos maiores influenciadores na luta pelo fim da escravidão, foi reinaugurado no dia 21 de maio. Essa revitalização nos leva a refletir sobre uma história frequentemente obscurecida pelo mito do “europeu salvador”, que por séculos tentou apagar parte de nossas raízes.
Em meio a esses acontecimentos, fica evidente a importância de não apenas lembrar a história, mas também agir no presente para combater o racismo e promover uma sociedade inclusiva e igualitária para todos. É fundamental que todos os cidadãos se engajem nessa luta e que o poder público esteja comprometido.
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