OPINIÃO: A tensão como mantenedora da paz na política internacional

Esta semana o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, alarmou o mundo sobre a crise na Ucrânia, indicando o seu receio sobre a “possibilidade de conflito nuclear”.

Embora a declaração possa parecer chocante, os últimos acontecimentos nos levam ao desafio de refletir sobre a complexidade da geopolítica atual, que envolve a constante disputa de hegemonia pelas potências mundiais, por questões econômicas, militares e revisionismo histórico, sempre associados aos conflitos.

A sombra da União Soviética ainda paira pelo mundo

A ação militar russa na Ucrânia já era centro das atenções mesmo antes de Putin atacar o território do país vizinho. Em 2005 o líder Russo declarou que o fim da União Soviética foi a maior catástrofe geopolítica do século 20, sinalizando um indício de sua ambição em restabelecer a influência sobre os países vizinhos.

Portanto é possível afirmar que a política atual das grandes potências foi essencialmente determinada pela Guerra Fria, produzindo efeito dominó em outros países menores. Esse conflito é somente mais um no globo, enquanto outros continuam em regiões esquecidas, como África, Ásia e Oriente Médio; Síria, Mianmar ou Afeganistão.

A tensão garante que não haja terceira-guerra mundial

É inegável a atuação das grandes potências nestes territórios, dominando os acontecimentos na política e a atenção de toda a mídia internacional. Mas desde o surgimento da bomba atômica, grandes potências nunca se enfrentaram diretamente. Os soviéticos e os Estados Unidos, por exemplo, guerrearam no Vietnã e Coréia por procuração.

Entre os países signatários do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), estão Estados Unidos, Rússia (antiga União Soviética), o Reino Unido, França e China. Durante a Guerra Fria, a terceira maior potência nuclear era a Ucrânia, que abriu mão de arsenal nuclear nos anos 90.

A guerra híbrida no conflito Ucrânia e Rússia

Diante disto, as potências encontraram outras formas de guerrear, no esforço de se tornar o estado dominante, utilizando outros métodos de enfrentamento, como guerra cultural, mídia, ataques cibernéticos, crise de refugiados, diplomacia e guerra financeira. E isso está em curso no momento.

Em uma referência direta aos conflitos atuais, resgato a célebre frase do poeta e professor pernambucano, Ariano Suassuna. “Antigamente, para conquistar e subordinar um país, os Estados Unidos mandavam exércitos. Hoje, mandam Michael Jackson e Madonna.”

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