Vozes femininas ganharam a Câmara de Itabuna, para discutir saídas no combate à crescente de violência. Presente ao debate na sexta-feira (27), a secretária estadual de Políticas para a Mulher, Julieta Palmeira, destacou a importância da educação para desconstruir o rastro machista que conduz o tratamento da companheira como propriedade. Afinal, é raiz para agressões e até feminicídios.
Ela pontuou, ainda, sobre os equipamentos disponíveis e os desafios para unir governo e sociedade nessa causa. “O mais forte é a consolidação das redes de enfrentamento, compostas pelos serviços de acolhimento à mulher em situação de violência, com delegacias especializadas, casas abrigo, Patrulha, Ronda Guardiã Maria da Penha e os CRAM. Consolidar essa rede, incluindo Defensoria, Ministério Público e Tribunal de Justiça é muito importante”, argumentou.
Autora da solicitação para aquela sessão especial, a vereadora Wilma de Oliveira (PCdoB) citou a força da rede de proteção em torno do enfrentamento e pela mudança de postura entre os agressores. “Aqueles que não alcançarem a consciência vão ficar pra trás. Esta é uma discussão a ser levada para fora dos ambientes”, constatou.
“Responsabilidade de todos”
A coordenadora de área da Patrulha Guardiã Maria da Penha, Débora de Jesus Santos, mostra a elevação de quase 73% nos registros de violência contra a mulher em Itabuna. Foram 583 casos de janeiro a julho de 2020 e cerca de 800 no mesmo período deste ano. Ressaltou a importância das denúncias ao se saber de uma mulher agredida.
Já a defensora Juliana Florindo, mencionou o paradoxo que é o Brasil ter a terceira melhor legislação do mundo para punição à violência contra mulheres, ser o terceiro que mais prende e, em contrapartida, o quinto que mais mata. “Vemos que a prisão não impede a elevação de casos. Esse é um mês para chamarmos a atenção para a conscientização; é responsabilidade de todos”, observou.
A presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, Célia Evangelista, falou sobre a ampliação do órgão agora reativado. E trouxe indagações à secretária, a exemplo de melhor estrutura para a DEAM (Delegacia Especial de Atendimento à Mulher) – inclusive equipe multidisciplinar com psicólogo, educador e assistente social.
Lá também estava a coordenadora do CRAM (Centro de Referência de Atendimento à Mulher), Aline Soares. Ela lembrou que o equipamento, reinaugurado recentemente em Itabuna, oferece atividades para vítimas de agressão e os filhos delas.
Presidente da Comissão da Mulher da OAB-Itabuna, a advogada Andrea Peixoto frisou o valor da sociedade atenta, também, à raiz dos episódios de violência. “Um trabalho de restauração com os agressores, para que a Lei Maria da Penha tenha maior efetividade.
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