Vegetação no Rio Amazonas esconde berçário de aves e outras espécies na orla de Macapá

Aturiás, encontrados na capital do Amapá, também protegem a cidade da erosão causada pela maré de um dos maiores rios do mundo.

Diante do Rio Amazonas, a orla de Macapá abriga outra riqueza da natureza: a vegetação de aturiás. Quem passeia na frente da cidade pode não perceber, mas as árvores próximas do Trapiche Eliezer Levy ou ao lado do Píer do Santa Inês escondem um berçário de espécies.

Folhas, galhos e a lama do espaço servem de habitat para peixes, anfíbios, répteis, mamíferos e aves, onde eles conseguem alimentos e até mesmo se reproduzem. Outro benefício dos aturiazeiros é evitar a erosão de terras caídas provocada pela maré de um dos maiores rios do mundo.

“Os aturiás formam habitats de grande importância biológica uma vez que proporcionam abrigo e alimento para muitas espécies de animais terrestres e aquáticos”, afirma o biólogo Jackson Cleiton.

Vegetação de aturiás na orla de Macapá — Foto: Rede Amazônica/Reprodução
Vegetação de aturiás na orla de Macapá

As viagens entre as florestas da Amazônia também ficam mais fáceis com a existência do bioma. O biólogo detalha que a vegetação orienta a migração dos animais, pois fornece corredores que facilitam o deslocamento das espécies contornando as cidades da região.

“Os aturiás possuem um tipo de vegetação que acompanha os rios e serve também como corredores ou manchas facilitando com que os animais possam contornar as cidades se deslocando para outras florestas ribeirinhas”, contou.

Gavião-carrapateiro pode ser visto na orla de Macapá — Foto: Jackson Cleiton/Arquivo Pessoal
Gavião-carrapateiro pode ser visto na orla de Macapá

Japiim, chupim e iratuá-grande, gavião-carrapateiro, biguá, trinta-réis-grande, maçaricos e andorinhas estão entre as aves mais comuns de serem observadas nos aturiás, segundo Cleiton.

A geóloga do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (Iepa), Valdenira dos Santos, ressalta que as árvores têm o papel de proteger a margem do rio ao amenizar a força das ondas.

“Na prática, ela segura a energia das marés e a energia das ondas. Então, quando a maré vem entrando, ela vem com uma certa velocidade. Ao se deparar com esses anteparos feitos pela vegetação, ela vai perder um pouco a energia”, disse.

Ave conhecida como Trinta-réis-grande — Foto: Jackson Cleiton/Arquivo Pessoal
Ave conhecida como Trinta-réis-grande

E encontrar manguezais em águas doces não é algo comum, destaca a pesquisadora. Para ela, esse diferencial da orla de Macapá poderia ser utilizado com um atrativo turístico à capital.

“O que você vê são manguezais, o que é uma coisa muito estranha. Você está aqui a mais de 120 quilômetros da foz do Amazonas onde tem sal, teoricamente essas árvores têm que ter um pouco de sal para elas poderem se estabelecerem. Só aí já traz uma importância para a própria cidade até como ponto turístico dentro dessa visão”, explicou.

Biguá foi fotografado no Amapá — Foto: Jackson Cleiton/Arquivo Pessoal
Biguá foi fotografado no Amapá

Por todos esses fatores, a preservação dos aturiás na frente da cidade é unanimidade entre os especialistas, que veem a vegetação como fundamental para manutenção do equilíbrio do meio ambiente na região amazônica.

“Por isso é importante destacar que esse tipo de vegetação na frente da cidade deve ser preservada não só pelo fato dela conter a erosão proporcionada pela força da maré, mas pelo fato de servir como habitat natural para muitas espécies terrestres e aquáticas”, finalizou Jackson Cleiton.

Árvores na orla de Macapá — Foto: Rede Amazônica/Reprodução
Árvores na orla de Macapá

G1


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