A negação da política e a eleição para a nova mesa da câmara

Não pretendo ser dono da verdade, mas fica aqui minha humilde contribuição para a constituição de uma agenda mínima que nos possibilite pensar numa cidade para “além” daquilo que vivemos hoje, independente das matrizes políticas.

Muito tem se discutido acerca da formação da nova Mesa Diretora da Câmara de Vereadores de Itabuna. Infelizmente, nestas discussões nos chama atenção a ausência de propostas que venham a nortear as ações da Mesa, especialmente se levarmos em consideração o resultado eleitoral do último dia 02 de outubro, marcado pela negação do eleitor à política, com grande número de abstenções e votos nulos.
A eleição da próxima Mesa traz uma novidade: quem disputa a presidência também está concorrendo à cadeira de prefeito. É esta “novidade” que tem interessado e movido alguns postulantes à presidência da Mesa.
No meu entendimento, numa situação como esta, de fragilidade jurídica, em que a cidade é extremamente penalizada por não haver uma definição concreta de quem será o prefeito, não há muito que se comemorar. Soma-se a isto o fato de que a população não elegeu vereador para ser prefeito, mas para legislar.
Seria importante, portanto, que nesse debate se estabelecesse alguns compromissos que sinalizem para a sociedade alguns pontos fundamentais e que a Câmara pudesse se apoderar dos grandes temas que definirão os rumos da cidade, como a reformulação da Lei Orgânica do Município e do Regimento Interno da Câmara; criação de uma Região Metropolitana; consórcios de saúde; produção e distribuição da água; saneamento básico; recolhimento, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos através de consórcios municipais, dentre outros. 
Que a Casa se comprometa em discutir a constituição de um poder legislativo que valorize a instituição enquanto instrumento da democracia e não como um poder subserviente.É necessário que antes de uma simples definição de nomes, nós, vereadores eleitos e reeleitos, tenhamos discernimento e sensibilidade para compreender a situação em que o município se encontra, tanto do ponto de vista econômico, de desemprego crescente, com baixíssima geração de postos de trabalho, e social (de violência imperante), e que ao mesmo tempo possam olhar para o futuro de Itabuna, com ênfase para aquilo que pode vir a potencializar o desenvolvimento da cidade, como a Universidade Federal do Sul da Bahia, a instalação de uma faculdade privada de medicina, o parque tecnológico da cidade, a necessidade de luta pelo não fechamento da Ceplac, que o governo federal transformou em departamento. Temas importantes que a Câmara de Vereadores de Itabuna deve pautar, sendo o catalisador destes grandes debates.
Se a discussão for pura e simplesmente em relação a nomes, cujo o interesse principal é ocupar a presidência da mesa para assumir a cadeira de prefeito interinamente, então começamos muito mal, com um debate extremamente empobrecido. Não pretendo ser dono da verdade, mas fica aqui minha humilde contribuição para a constituição de uma agenda mínima que nos possibilite pensar numa cidade para “além” daquilo que vivemos hoje, independente das matrizes políticas. Como diria o poeta Thiago de Mello, “(…) uma cidade que te faz viver e mais o tudo que, vivendo, fazes (…)”.

Jairo Araújo é vereador em Itabuna pelo PCdoB.

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